Foto: Siglia Souza
Cruzeiro do Sul, Acre – Produtores de banana dos estados do Amazonas, Acre e Rondônia estão comemorando o aumento significativo da produtividade em seus plantios, graças a uma técnica simples e acessível desenvolvida pela Embrapa Amazônia Ocidental. O método, que permite o controle eficiente da Sigatoka-negra, principal doença que afeta as bananeiras na região, tem trazido benefícios econômicos, sociais e ambientais para os agricultores locais.
A Sigatoka-negra, que há anos assolava os bananais da Amazônia, causou perdas expressivas e levou ao desaparecimento de variedades tradicionais da fruta, como a Prata Comum, Maçã e Pacovan. Com a nova técnica de aplicação de fungicida, desenvolvida pela Embrapa e validada no Acre, Rondônia e Amazonas, os produtores conseguiram não apenas controlar a doença, mas também viabilizar o retorno dessas variedades ao mercado.
A solução consiste na aplicação de fungicida diretamente na axila da segunda folha da bananeira, utilizando um equipamento adaptado a partir de uma seringa veterinária, mangueira de silicone e um cano com ponta curvada. Esse método permite a aplicação precisa do produto, evitando a dispersão no ambiente e reduzindo o número de aplicações necessárias para apenas três por ciclo produtivo, que dura entre 10 e 12 meses.
Segundo o pesquisador Lindomar Silva, da Embrapa, a adoção dessa tecnologia foi essencial para a continuidade do cultivo de banana na região. “Os impactos foram positivos, com melhorias significativas na geração de renda e no desenvolvimento sustentável das propriedades. Isso garantiu que a população continue tendo acesso a um fruto tão importante para a cultura e alimentação local”, destacou.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, entre 2013 e 2022, a produção de banana no Acre saltou de 77,7 mil para 82,8 mil toneladas, com um aumento de produtividade de 10,6 para 12,4 toneladas por hectare. Esse crescimento reflete a eficácia da técnica e o esforço dos produtores em adotar práticas mais sustentáveis e eficientes.
Além do Acre, Amazonas e Rondônia também registraram aumentos expressivos na produção e produtividade da banana. No Amazonas, a produção passou de 84,7 mil para 88,7 mil toneladas, enquanto em Rondônia o crescimento foi de 70,6 mil para 81,9 mil toneladas no mesmo período.
Com o controle da Sigatoka-negra, os produtores da região têm agora a perspectiva de expandir suas áreas cultivadas e acessar novos mercados. Um dos principais destinos da produção é a cidade de Manaus, no Amazonas, que não consegue suprir a demanda local apenas com sua própria produção. Para atender a esse mercado, foi estabelecido um eficiente arranjo logístico que envolve transporte rodoviário e hidroviário, conectando Rio Branco, Porto Velho e Manaus.
Agricultores como Cristiana Gomes, do município de Presidente Figueiredo (AM), relatam que a técnica da Embrapa transformou suas plantações. “Antes, eu precisava replantar todo ano por causa da doença. Agora, desde 2018, minhas bananeiras continuam produzindo cachos bonitos e saudáveis”, comemora.
Impactos culturais e econômicos
A reintrodução das variedades tradicionais de banana no mercado tem impactado positivamente tanto o aspecto cultural quanto econômico da região. No campo cultural, a população voltou a ter acesso a frutas que fazem parte de sua história e tradição. Economicamente, a geração de renda tem permitido aos produtores investir em suas propriedades, diversificar cultivos e melhorar suas condições de vida.
A tecnologia desenvolvida pela Embrapa não apenas salvou a bananicultura na Amazônia Ocidental, mas também fortaleceu a agricultura familiar, garantindo que a banana continue sendo um alimento essencial na mesa dos acreanos, amazonenses e rondonienses.
A Embrapa Amazônia Ocidental, responsável pelo desenvolvimento da técnica, tem trabalhado em parceria com outras unidades da empresa nos estados do Acre e Rondônia para capacitar produtores e multiplicadores, além de distribuir materiais informativos e promover palestras sobre a tecnologia. Desde sua disponibilização em 2008, a técnica tem sido adotada com sucesso por agricultores da região, consolidando-se como uma ferramenta essencial para o desenvolvimento sustentável da bananicultura na Amazônia.
jurua24horas com infomações Embrapa